05 junio, 2008

Blue Velvet

Dias atrás, sonhei que estava na Dinamarca, tomando café com David Lynch.





Eu saía da estação de trem de Copenhagen, cruzava a rua cruzada pelos trilhos dos bondes e pelos fios elétricos - linhas urbanas sob meus pés e em cima da minha cabeça. Parava na vitrine de um café, dessas com os nomes escritos em letras arredondadas sobre o vidro, de onde se vê algo de dentro e algo de fora, refletido. Ele estava lá, com essa mesmíssima cara (a usual de toda a vida), olhando pra mim.

Entrei, sentei, meu café já estava na mesa. Ficamos nos olhando todo o sonho, e havia muita, mas muita fumaça. Não houve nada mais, não toquei o café, não abri a boca, me senti meio sem fôlego, levantei e saí. Ouvi todo o tempo o ruído de louças se debatendo, uma música de rádio qualquer ao fundo mas nenhuma palavra, nenhum murmuro.

Acordei, me virei na cama - pés e ponta do nariz gelados -, procurei o cobertor, desisti dele, levantei, fui atrás de cafeína, dei o primeiro gole na casa em silêncio. Sensação estranha. Liguei os Pixies no último volume e fui tomar banho.

(...)

Nessas horas, me arrependo de ter menosprezado a psicologia e não ter ninguém que me explique o que esse puto sonho quis dizer.

No hay comentarios:

 

Roberta Gonçalves, 2007 - We copyleft it!